Professor de Direito é indiciado por suspeita de crimes sexuais no RS
Professor de Direito é indiciado por suspeita de crimes sexuais no RS A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o professor de Direito Conrado Pau...
Professor de Direito é indiciado por suspeita de crimes sexuais no RS A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigava o professor de Direito Conrado Paulino da Rosa por casos de abusos sexuais que teriam acontecido entre 2013 e 2025. Ele foi indiciado por crimes sexuais que teriam sido cometidos 24 vezes, segundo o inquérito. A investigação durou três meses e teve depoimentos de 18 vítimas e 16 testemunhas, além de perícias, exames e provas documentais. Conrado da Rosa está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Quatro mulheres que relatam terem sido vítimas de Conrado concederam entrevista à RBS TV (leia os relatos abaixo). Em 22 de outubro, a Justiça revogou a prisão de Conrado, dois dias antes do fim do prazo da prisão temporária. Ele estava preso desde 26 de setembro. O g1 entrou em contato com a defesa de Conrado, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem. A Polícia Civil afirma que assegurou todos os direitos constitucionais do suspeito e todos os advogados que fizeram a defesa tiveram amplo acesso ao inquérito policial desde o início. A delegada Fernanda Campos disse ainda que manteve o sigilo dos documentos, cuidou da proteção das vítimas e da não exposição do investigado. A condução do caso, segundo ela, se dá de forma técnica e impessoal. A Polícia Civil reforça ainda que não é responsável por qualquer vazamento. São investigados relatos de supostos estupros, agressões durante relações sexuais e violência psicológica. No começo de outubro, a Polícia Civil apreendeu computadores e outros objetos no apartamento dele. De acordo com a delegada Fernanda, vítimas e testemunhas narraram casos de estupro, violência sexual e psicológica que teriam acontecido no apartamento. Mulher procura a polícia após a prisão de professor Professor de Direito suspeito de crimes sexuais é preso em Porto Alegre Investigação Polícia apreende computadores e outros pertences de professor de Direito investigado por crimes sexuais em Porto Alegre Ronaldo Bernardi/Agência RBS Por se tratarem de crimes sexuais, a Polícia Civil não divulga detalhes da investigação, mas diz que a apuração conta com relatos semelhantes entre si e que as possíveis vítimas passarão, também, por perícia psicológica. Por meio de seu perfil no Instagram, o professor afirmou que "a verdade dos fatos se sobressairá" e que "repudia violência contra a mulher". A Justiça do RS já havia determinado medidas cautelares contra ele. As restrições incluíam monitoramento eletrônico por tornozeleira, comparecimento mensal em juízo e proibição de manter contato com vítimas e testemunhas. Conrado também estava impedido de frequentar instituições de ensino superior, congressos e simpósios. Outras determinações são retenção do passaporte, recolhimento domiciliar entre 20h e 6h e a proibição de deixar a comarca de Porto Alegre. Demissão Advogado Conrado Paulino da Rosa Reprodução/Redes sociais Conrado Paulino da Rosa trabalhava na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP) de Porto Alegre, de onde foi demitido. A instituição não informa o motivo da demissão, mas a RBS TV apurou que a decisão foi tomada após o início da investigação da polícia. Ele lecionava para alunos de graduação e mestrado em direito na FMP, onde também coordenava a pós-graduação em Direito de família e sucessão. Além disso, foi presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Seção RS (IBDFAM-RS). Em sua biografia, diz ser autor de 18 obras sobre o assunto. A FMP disse que "o desligamento foi definido em caráter administrativo", "sem juízo antecipado sobre eventuais responsabilidades relacionadas a fatos externos à instituição" (leia na íntegra abaixo). Os relatos das vítimas "Estuprada pela pessoa que eu mais confiava" Uma das vítimas conta que os dois tinham uma relação próxima, até que ele começou a ter "comportamentos sexualizados" e a fazer "comentários inadequados". Ela relata que teria sofrido um estupro após ir a uma festa com o advogado. Ele teria comprado uma bebida alcoólica e dado para ela, que passou mal em seguida. A partir desse momento, ela conta não lembrar mais do que aconteceu. No dia seguinte, afirma ter acordado ferida, ao lado dele. Ela estava ensanguentada e precisou ser hospitalizada, disse. "Estuprada pela pessoa que eu mais confiava, admirava e tinha certeza de que eu estaria protegida. Eu achei que isso jamais iria acontecer, que eu seria vítima de algo tão grave. Com alguém da minha confiança, do meu respeito, do meu carinho", diz. "Eu era maravilhosa no início, depois não servia mais para nada" Outra mulher conta que namorou com ele e que, no início, o relacionamento era um sonho, mas, "do nada", o comportamento dele mudou "da água pro vinho, do sonho para o inferno". "Em situações de frustração, de desagrado, [ele tinha] um olhar estranho, de ameaça, de [por] medo", relata. Ela diz que acreditava que os dois tinham uma admiração recíproca um pelo outro, mas que episódios em que ela se destacava levavam ao comportamento aparentemente contrário ao que ele costumava ter com ela no começo do relacionamento: em que ele era "um príncipe, talvez o homem que eu tenha sonhado para minha vida. Educado, gentil, inteligente, amoroso. Me colocava em pedestal". O estupro teria acontecido quando os dois se relacionavam sexualmente, afirma a mulher. "Eu fiquei machucada, com roxos pelo corpo. Eu fui sufocada. Me assustei. Fiquei sem ar. E a violência continuou. Violência física. Eu levei um tapa muito forte no rosto. Quando eu me olhei no espelho no outro dia, estava toda machucada", relembra. Violência psicológica Outra mulher conta que sofreu o mesmo tipo de violência. No começo, o suspeito era uma pessoa apaixonante: encantou ela, os amigos e a família dela. "É um príncipe. Uma pessoa maravilhosa. E tu passa a acreditar que de fato tu foi a escolhida. Que sorte a minha. Até que o dia a dia começa a mudar o perfil", conta. Ela diz que, se ela frustrava o advogado de alguma forma por não corresponder exatamente às expectativas dele, "ele passava a mudar". "Porque ele vem muito sedutor e carinhoso e, na hora do sexo, ele vira o olhar, vira uma chave e vira um monstro. E aí vem uma manipulação. E é muito difícil de identificar o que acontece", diz. Ela conta que não usava mais camisetas de manga curta por conta dos hematomas nos braços. Além disso, que sofreu violência psicológica, pois ele teria feito com que ela se sentisse culpada pelo que acontecia. "A minha vida durante muito tempo após o término ficou acabada", fala. O caso começou com uma denúncia anônima. Depois disso, a polícia passou a chamar mulheres da relação de Conrado a depor. Mulheres contam terem sofrido violência sexual de professor de direito e advogado no RS RBS TV/Reprodução Como denunciar casos de violência A vítima deve ir à Delegacia da Mulher ou a qualquer Delegacia de Polícia para registrar um boletim de ocorrência. O serviço também está disponível pela Delegacia Online para relatar agressões sem precisar ir presencialmente à delegacia. Lista de centros de referência e delegacias para mulheres Como solicitar uma medida protetiva online VÍDEOS: Tudo sobre o RS