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Delegado de polícia é indiciado por assédio sexual contra agente no RS

Delegado Antônio Carlos Silvano Ractz Júnior Fernando Gomes/ Agencia RBS O delegado Antônio Carlos Silvano Ractz Júnior foi indiciado pela Corregedoria-Gera...

Delegado de polícia é indiciado por assédio sexual contra agente no RS
Delegado de polícia é indiciado por assédio sexual contra agente no RS (Foto: Reprodução)

Delegado Antônio Carlos Silvano Ractz Júnior Fernando Gomes/ Agencia RBS O delegado Antônio Carlos Silvano Ractz Júnior foi indiciado pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil suspeito do crime de assédio sexual contra uma policial civil que trabalhava no Litoral Norte. O caso, segundo a investigação, teria ocorrido em 22 de julho de 2024 dentro da Delegacia de Polícia de Cidreira — a qual Ractz comandava. O relatório final da 3ª Delegacia de Polícia para Assuntos Internos da Corregedoria, concluído em 22 de agosto de 2025, foi mantido sob segredo de justiça até novembro, quando o sigilo foi levantado e a RBS TV obteve acesso. O delegado nega ter cometido assédio. 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp Violência contra mulher: como pedir ajuda O que diz a investigação A policial relatou que, ao chegar ao gabinete do delegado em Cidreira, ele teria a segurado pelo braço e tentado beijá-la. Segundo o relato, Ractz disse: “me dá só um beijinho”. Ela afirma ter se afastado e saído chorando. Mais tarde, ainda conforme o inquérito, a policial enviou ao delegado uma mensagem dizendo estar constrangida com o que havia acontecido. “Eu tô muito mal com o que ocorreu hoje (...). Me senti constrangida", diz na mensagem. As respostas do delegado constam no relatório: “Fica tranquila.” “Não te preocupa.” “Acalma.” “Não muda nada.” Segundo a Corregedoria, essas respostas reforçariam o indício de que “algo de fato ocorreu” dentro da delegacia. No mesmo dia, a partir da abordagem, a policial decidiu gravar o trajeto da viatura que fazia o deslocamento com o delegado no fim da tarde. O áudio foi anexado e também transcrito no inquérito. Alguns trechos do diálogo gravado constam na investigação: "Tu é uma mulher apaixonante"; "Eu queria te dar um be... (inaudível)". A policial responde, segundo o inquérito: "Eu fiquei constrangida". "O senhor é meu superior". Para a Corregedoria, o teor do áudio é compatível com a versão de que houve tentativa prévia de beijo dentro do gabinete. Mensagens analisadas A Corregedoria diz que a palavra da vítima possui mais força em casos de assédio sexual e que, nesse caso, ela é corroborada pelos depoimentos e pelo que se extrai das mensagens de celular. O responsável pelo inquérito, delegado Silvio Kist Huppes, declarou: "Se extraem indícios que conferem verossimilhança à versão da vítima de que o investigado a tentou beijar nas dependências da Delegacia de Polícia de Cidreira na tarde do dia 22/07/2024". Ao todo, foram ouvidas 19 pessoas na investigação. O que diz o delegado No interrogatório, Ractz negou ter tentado beijar a policial. Ele afirmou que: a aproximação entre os dois era “profissional e amistosa”; a gravação entregue pela policial “representa apenas três minutos de uma conversa de mais de vinte e cinco”; se houve beijo próximo ao rosto foi “acidental”; nunca agiu com intenção sexual. Ele disse ainda que “gostava da companhia” da policial, mas que isso não representaria interesse íntimo. Procurada pela RBS TV, a advogada Thais Constantin, que representa o delegado, disse que "não se manifestará sobre detalhes", em respeito "à proteção da vítima, considerando a natureza do delito, tema que exige máxima responsabilidade, cautela e sensibilidade". Conclusão da polícia O delegado corregedor concluiu: “Há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria do crime de assédio sexual". Ractz foi indiciado pelo artigo 216-A do Código Penal — assédio sexual. Oferta de transação penal O caso seguiu para análise do Ministério Público, que decidiu, em 5 de novembro de 2025, oferecer proposta de transação penal para o delegado. A promotora Mari Oni Santos da Silva afirmou na proposta que "o autor do fato é primário". Ela considerou os antecedentes do delegado e sugeriu que ele pagasse um salário mínimo para a vítima ou a prestação de serviços comunitários por dois meses. Em 14 de novembro, o MP mudou a proposta: afirmou que, após analisar o caso, verificou que o delegado tem remuneração média superior a R$ 20 mil e, por isso, pediu que o valor a ser pago fosse reajustado para R$ 5 mil a favor da vítima. Uma audiência preliminar ainda deve ser marcada para que Ractz diga se concorda com a proposta do MP. O que diz a chefia de polícia O chefe de polícia do RS, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, afirmou que a Polícia Civil apurou o caso de forma ágil e enviou ao Judiciário, que deve tomar agora as medidas cabíveis. Guerreiro disse ainda que não houve sanção administrativa interna sobre o caso de assédio. Em contato com a reportagem, Ractz negou os fatos e disse que "está sendo perseguido" pela denunciante. VÍDEOS: Tudo sobre o RS